domingo, 17 de janeiro de 2010

TEMA: OS NÍVEIS DE ESCRITA, SEGUNDO A PSICOGÊNESE DA LÍNGUA ESCRITA

ESCRITA PRÉ-SILÁBICA: O/a alfabetizando/a não compreende a natureza do nosso sistema
alfabético, no qual a grafia representa sons, e não idéias, como nos sistemas ideográficos (como, por exemplo, a escrita chinesa).

Nesta fase, ele/a representa a escrita através das seguintes hipóteses:

- REPRESENTAÇÃO ICÔNICA: expressa seu pensamento através de desenhos, não tendo a noção de escrita no sentido propriamente dito.
Escrever é a mesma coisa que desenhar.
TOMATE =
CAVALO =
PÃO =


- REPRESENTAÇÃO NÃO ICÔNICA: Além do desenho, expressa seu pensamento através de garatuja ou rabiscos (representação nãoicônica); aqui, a criança inicia o conceito de escrita, mas ainda não reconhece as letras do alfabeto e seu valor sonoro.
TOMATE =
CAVALO=
PÃO=


- LETRAS ALEATÓRIAS: já conhece algumas letras do alfabeto, mas as utiliza aleatoriamente, pois não faz nenhuma correspondência sonora entre a fala e a escrita. Para escrever é preciso muitas letras.

TOMATE = ARMSBD
CAVALO = AMTOEL
PÃO = ATROCDG


- REALISMO NOMINAL: a criança acha que os nomes das pessoas e das coisas têm relação co os seus tamanhos. Se perguntar a criança: qual a palavra maior: BOI ou FORMIGUINHA?

Ela dirá: BOI é uma palavra GRANDE e FORMIGUINHA uma palavra PEQUENA, atentando
para o tamanho dos animais.

A superação do realismo nominal se dará no fim da fase da escrita pré-silábica.
- Ao ler palavras e orações, não marca a pauta sonora.



ESCRITA SILÁBICA:
divide-se em escrita silábica e escrita silábica-alfabética.

Na ESCRITA SILÁBICA, a criança supõe que a escrita representa a fala. É a fase que se inicia o processo de fonetização; nesta fase, ela tenta fonetizar a escrita e dar valor sonoro as letras. Cada sílaba é representada por uma letra com ou sem conotação sonora. Em frases pode escrever uma letra para cada palavra. Desvincula o objeto da palavra escrita.

Escrita silábica sem valor sonoro:E a criança escreve uma letra ou sinal gráfico para
representar a sílaba, sem se preocupar com o valor sonoro correspondente.
TOMATE= RTO
CAVALO= BUT
PÃO= TU

Escrita silábica com valor sonoro: a criança escreve uma letra uma letra para cada sílaba, utilizando letras que correspondem ao som da sílaba; às vezes usa só vogais e outras vezes,
consoantes.

TOMATE= TMT / OAE / TAT / OME
CAVALO= CVL / AAO / AVO / CAL
PÃO= PU / AO


ESCRITA SILÁBICA-ALFABÉTICA


Na ESCRITA SILÁBICA-ALFABÉTICA a criança apresenta uma escrita algumas vezes com sílabas completas e outras incompletas. Ou seja, ela alterna escrita silábica com escrita alfabética, pois omite algumas letras.

TOMATE = TMAT
CAVALO = CVALU
PÃO = PA


O CAVALO PISOU NO TOMATE = UCVALUPZONUTMAT


ESCRITA ALFABÉTICA: a criança faz a correspondência entre fonemas (som) e grafemas
(letras). Ela atinge a compreensão de que as letras se articulam para formar palavras. Escreve como fala, ou seja, vê a escrita como transcrição da fala, não enxergando as questões ortográficas.

TOMATE = TUMATI
CAVALO = KAVALU
PÃO = PAUM

O CAVALO PISOU NO TOMATE = UKAVALU PIZONU TUMATI


OS PRINCIPAIS PROBLEMAS QUE EMERGEM QUANDO AS CRIANÇAS SE APROPRIAM
DA ESCRITA ALFABÉTICA

Confusão de letras (trocas).

Soletração sem aglutinação.

Decodificação sem compreensão.

Leitura soletrada

Escrita

Transcrição fonética: tumati – kavalu = tomate – cavaloSegmentação indevida: utumati = o tomate, com seguiu = conseguiu.

Juntura vocabular – uka valu = o cavalo, agente = a gente.

Troca do ão pelo am, i por u (e vice versa): paum = pão.

Ausência de nasalização: troca de m por n ou til (vice e versa): comseguiu – cõsegiu = conseguiu.

Supressão ou acréscimo de letras.

Troca de letras / origem das palavras (etimologia): zino = sino, geito = jeito.

Escrita não segmentada: UKAVALUPIZONUTUMATI = o cavalo pisou no tomate.

Não registra silabas de estruturas complexas: os dígrafos, o padrão consoante-consoantevogal, a vogal dos encontros consonantais: vido – vidro.

Escrita sem significado (letras aleatórias).

Frases descontextualizadas.

Textos sem seqüência lógica.

Escrita espelhada: d por b, p por q.

Repetição de elementos de ligação.

Hipercorreção: coloo – colou, medeco – médico.


INTERVENÇÕES PARA SUPERAÇÃO

#Antes da produção de qualquer texto, deve-se fazer um momento preparatório e trabalhar sempre com os modelos.

#Informar os tipos de texto que vai produzir ou reescrever.

#Fazer a correção do texto:

#Combinar com os/as alfabetizando/as todos os procedimentos e fazer “legenda” para correção do texto. Ou seja, para cada tipo de dificuldade criar uma legenda, como, por exemplo:

- V: ERRO DE ORTOGRAFIA.
- +: SEGMENTAÇÃO INDEVIDA.
- ▲: JUNTURA.
- ☼: PONTUAÇÃO.
- ☺: USO DE LETRAS MAIÚSCULA.
- ♥: TROCA DE LETRAS.
- □ : ENGOLIR LETRAS – SUPRESSÃO.


SITUAÇÕES DIDÁTICAS ENVOLVENDO OS NÍVEIS DE ESCRITA: DA ESCRITA PRÉ-SILÁBICA A ESCRITA ALFABÉTICA


Letras do alfabeto: Jogos de alfabeto de materiais e tamanhos diferentes. Letras móveis para o/a aluno/a montar espontaneamente palavras. Bingo e memória de letras. Atividades de escrita com letras.

Nomeação e identificação: Criar tiras com o alfabeto e figuras para serem materiais de consulta.

Análise das formas posições das letras: Atividades de escrita para o/a aluno/a analisar, por exemplo, quantas pontas têm o H, quantas retas são utilizas nos traçados do: A, M, E, , quantas curvas tem as letras: C, P, etc.

Valor sonoro – relação letra/som: jogos de memória com figura e letra inicial. Bingo de figuras. Alfabeto vivo.


PALAVRAS:

Nome próprio: Crachá com nome e foto ou desenho (auto-retrato feito pelo/a alfabetizando/a). Montar o nome com letras móveis. Bingo de nomes, de fotos e/ou auto-retrato. Dominó de nomes (letra inicial / nome). Painel de chamada com cartões de nomes.

Análise da lingüística da palavra: Letra inicial e final, número de letras, letras repetidas, vogal, consoante. Atividades de escrita com palavras.

Memorização de palavras significativas: Atividades de escrita. Listas de palavras.

Conservação da escrita de palavras: Atividades de escrita: complete, forca, enigma, cruzadinha, listas de palavras.


FRASES E TEXTOS:

Sentido-direção da escrita: Produção coletiva de listas, receitas, bilhetes, recados, etc (sendo o/a professor/a o/a escriba). Ler para o/a alfabetizando/a (apontando sempre onde está lendo).

Vinculação do discurso oral com texto escrito: Leitura de história e reescrita espontânea individual ou produção coletiva. Escrita de história vivida pelos/as alunos/as.

Junção de letras na formação das sílabas: Listas de palavras. Atividades de escrita: complete, forca, enigma, cruzadinha.


ESCRITA PRÉ-SILÁBICA

Iniciar pelos nomes dos/as alfabetizandos, escritos em crachás, listados no quadro e/ou em cartazes•

Trabalhar com textos conhecidos de memória, para ajudar na conservação da escrita.;

Identificar o próprio nome e depois o de cada colega, percebendo que nomes maiores podem pertencer às crianças menores e vice-versa;

Organizar os nomes em ordem alfabética, ou em “galerias” ilustradas com retratos ou desenhos;

Criar jogos com os nomes: “lá vai a barquinha”, “dominó”, “memória”, “boliche”, “bingo”;

Fazer contagem das letras e confronto dos nomes;

Confeccionar gráficos de colunas com os nomes seriados em ordem de tamanho (número de letras).

Fazer estas mesmas atividades utilizando palavras do universo dos/as alfabetizandos/as: rótulos de produtos conhecidos ou recortes de revistas (propagandas, títulos, palavras conhecidas).

Classificar os nomes pelo som ou letra inicial, pelo número de letras, registrando-as.


ESCRITA SILÁBICA
Fazer listas e ditados variados (de alfabetizandos/as ausentes e/ou presentes, de livros de histórias, de ingredientes para uma receita, nomes de animais,

Trabalhar com textos conhecidos de memória, para ajudar na conservação da escrita.

Ditado de palavras do texto.

Análise oral e escrita do número de sílaba, sílaba inicial e final das palavras do texto. Lista de palavras com a mesma silaba final ou inicial;

Escrever palavras dado a letra inicial;

Ligar desenho a primeira letra da palavra;

Usar jogos e brincadeiras (forca, cruzadinhas, caça-palavras);

Organizar supermercados e feiras;

fazer “dicionário” ilustrado com as palavras aprendidas,

diário da turma,

relatórios de atividades ou projetos com ilustrações e legendas;

Propor atividades em dupla (um dita e outro escreve), para reescrita de notícias, histórias, pesquisas, canções, parlendas e trava-línguas.

Produção de textos, ditados, listas.


ESCRITA SILÁBICA-ALFABÉTICA:

Ordenar frases do texto;

Completar frases, palavras, sílabas e letras das palavras do texto;

Dividir palavras em sílabas;

Formar palavras a partir de sílabas;

Ligar palavras ao número de sílabas;

Produção de textos, ditados, listas.


ESCRITA ALFABÉTICA

Investir em conversas e debates, diários.

Possibilitar o uso de estratégias de leitura, além da decodificação.

Considerar o“erro” como construtivo e parte do processo de aprendizagem.

Produção coletiva de diversos tipos de textos.

Análise lingüística das palavras.

Reescrita de texto(individual / coletiva).

Revisão de texto.

Atividades de escrita: complete, forca, enigma, cruzadinha, lacunado, caça-palavra.

Copiar palavras inteiras;

Contar número de letra ou palavra de uma frase;

Pintar intervalos entre as palavras;

Completar letras que faltam de uma palavra;

Ligar palavras ao número de letras e a letra inicial;

Circular ou marcar letra inicial ou final;

Circular ou marcar letras iguais ao seu nome ou palavra-chave.

Produção de textos, ditados, listas.


OBSERVAÇÃO

É de fundamental importância a professora:

# Iniciar o processo de alfabetização com textos que os/as alfabetizando/as conheçam de memória, para ajudar na conservação da escrita e na relação entre o escrito e o falado A docente deverá sugerir que as crianças acompanhem a leitura com o dedo, apontando palavra por palavra.

# Fazer sempre a análise e a reflexão lingüística das palavras, confrontando as hipóteses de escrita dos/as alfabetizandos/as com a escrita convencional, ou seja, entre o padrão oral e o padrão escrito.

# Propiciar atos de leitura e escrita para as crianças para que elas aprendam ler lendo e a escrever escrevendo, por meio de atividades significativas e contextualizadas. Elas deverão ler textos mesmo quando ainda não sabem ler convencionalmente, apoiando-se inicialmente na memória e ilustração.

# Trabalhar em pequenas equipes, agrupando os/as alfabetizandos/as conforme os níveis próximos de escrita. Isto garante que crianças com diferentes níveis possam confrontar suas hipóteses, gerando conflitos cognitivos e avanços conceituais.

# Propor atividades, por meio de situações problemas, que as crianças possam resolver e colocar em jogo o que sabem, para aprender o que ainda não sabem. Isto garantirá o trabalho com a auto-estima e o autoconceito dos/as alfabetizandos/as, que são imprescindíveis para o processo de aprendizagem. Porém, evitar que crianças com o mesmo nível de escrita sejam agrupadas entre si, já que a intenção do agrupamento heterogêneo é interação e a troca de conhecimentos entre os/as alfabetizandos/as com diferentes hipóteses de escrita.

# Na sala de aula deve conter: cartazes com o alfabeto escrito em letras maiúsculas e minúsculas, cursiva e bastão; só com as vogais, só com as consoantes; com os números; com o nome da escola e da professora;

# Listas com os nomes dos/as alfabetizandos/as, dos/as aniversariantes, palavras, frases e textos (que circulam socialmente) trabalhados. Em outras palavras, fazer da sala de aula um ambiente rico em atos de leitura e escrita, que é propício para a alfabetizar letrando, isto é, ensinar ler e escrever por meio das práticas sociais de leitura e escrita.

Um comentário:

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